A PAZ e a criança.
pela psicologa
Maria Angelina França.
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PAZ : direito da criança, dever do adulto.
Minha preocupação com as crianças vem do fato de trabalhar com elas na área da Psicologia e do fato de realmente gostar delas. Porém, atualmente, esta preocupação, posso afirmar, vai muito além destas questões que coloquei e eu explico: Gosto muito de ler e escrever. O ler é verdade. Já o escrever é muito mais um brincar com as palavras. Assim, num dia desses, descobri que a palavra PAIXÃO significava SOFRIMENTO e não AMOR como eu estava acostumada a pensar. Fiquei surpresa (e triste como minha ignorância, confesso) , mas continuei minha brincadeira e eis que surge a palavra COMPAIXÃO. Palavra composta que significa, literalmente, SOFRER COM, SOFRER JUNTO COM... . Entendi então que, simbolicamente ela quer dizer: TER A POSSIBILIDADE DE COLOCAR-SE NO LUGAR DO OUTRO. Como psicóloga clínica percebi que quem se propõe a ajudar outras pessoas, ou desenvolve sua possibilidade de compaixão ou, muito provavelmente, não terá sucesso. Neste ponto é que entra a criança. Seus graus de maturidade psicológica, cognitiva, limitam sua percepção do mundo e de si próprias e, para poder ajudá-las, há que se poder "pensar como elas". Mas, além de difícil, pensar como uma criança para poder compreender seus conflitos é, sobretudo, um empreendimento de grande responsabilidade, pois ela confia ingenuamente em todos, principalmente em nós, adultos. No entanto, por um lado, é realmente muito difícil compreender as crianças porque, nós adultos, estamos habituados a perceber muito mais o que é dito e as crianças ainda não podem DIZER, VERBALIZAR, não dominam um vocabulário adequado, ainda não podem expressar com precisão seus sentimentos, desejos, frustrações e conflitos e, o mais sério, ainda pensam que suas necessidades afetivas não são percebidas por todos. Por outro lado, tudo fica muito fácil se pensarmos em dois aspectos que passei a perceber com a minha prática clínica e que considero fundamentais : primeiro que, se estamos sofrendo, não seria inadequado inferir a existência de um conflito e, se há conflito, houve a perda da PAZ. Pode parecer simplista, mas eu acredito que seja apenas simplificado pensar que trabalhar com as crianças é aceitar que todas as suas necessidades podem ser resumidas em uma só: a NECESSIDADE DE PAZ. Em segundo lugar, se observarmos com atenção e seriedade, veremos que a própria natureza nos premiou, aos adultos e às crianças, com um instrumento de expressão eficiente e eficaz que é a ARTE. A arte pode e dever ser usada por nós como meio de expressão e como instrumento para compreensão do mundo interno dos seres humanos. Por isto, quando uma criança é trazida ao meu consultório não posso deixar de pensar que, muito provavelmente, ela não foi OUVIDA. Não posso saber, de início, se não lhe foi viabilizado o uso da arte para se expressar ou se a arte não foi usada para compreendê-la. O fato é que, se ela está ali, no meu consultório é porque houve uma quebra do equilíbrio interno e uma conseqüente perda da PAZ Isto me traz um grande pesar, pois penso que quando a minha ajuda é solicitada é porque outros tipos de ajuda faltaram. Sem nenhum julgamento aos pais, às escolas, a quaisquer outras pessoas nas quais ela confia tomo a liberdade de fazer um alerta a todos, com base exclusivamente em minhas opiniões profissional e pessoal (eu também sou mãe): é fundamental que aprendamos a ouvir as crianças, pois elas "ainda não sabem falar". Ouso fazer esta advertência porque creio sinceramente, que a criança em paz não adoece.
1 Comments:
lindo texto!
me sncibiliza..comove e incita...a procurar em olhos...os meus ...um olhar pelos outros E nos outros...Eus.
Gabi
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