Terra da Paz.
É a distopia do real que nos move à utopia do virtual.
PROTAGONIZANDO A PAZ.
O laboratório de sistematização das Oficinas Cerâmicas Terra da Paz constitui-se um elemento deflagrador de mudanças sociais a partir do protagonismo juvenil auto-sustentável com foco ideológico definido e centrado na PAZ e em suas implicações para o indivíduo e seus círculos de abrangência social: amigos, familiares, colegas, companheiros de trabalho, comunidades e instituições da qual participa, em qualquer nível. Da escola à família e à sociedade, do município ao estado e à nação e ao convívio pacífico entre todas elas, sua expressão maior.
Estamos convencidos de que a realidade social que geral a violência nas escolas, nas ruas e nas periferias das grandes cidades, cujo principal alvo é o jovem de 14 a 23 anos, faixa etária líder em óbitos através desta violência- como sabemos por todas as pesquisas- tem de ser revertida drástica, construtiva e conseqüentemente.
É com este objetivo em mira que desenvolvemos cada linha deste Projeto.
O Projeto Oficina Terra da Paz traz a inovação de ser uma proposta absolutamente radical de mudança de paradigma, de mudanças não só de valores, mas de princípios ao propor uma refundação social, utilizando tecnologia de ensino fractal fundada nos sentidos com que o ser humano percebe o mundo, para, a partir desse novo momento criativo, estabelecer uma dinâmica inclusiva onde o indivíduo possa reencontrar ele próprio e com sua família, sua comunidade, sua cidade, seu país, sua cultura, sua subsistência, sua intervenção criativa autoral única, de maneira autóctone, protagonista e empreendedora, através da matéria que é a própria essência do Planeta: a terra, de onde são extraídas as matérias primas cerâmicas.
Estamos convencidos de que devemos colocar nas mãos dos jovens, que têm a energia necessária para tanto, a construção material e espiritual desse novo paradigma solidário de sociedade, contaminando com sua alegria, sua vivacidade, sua esperança e seu idealismo a sociedade adulta que tende a se acomodar às situações cristalizadas que institucionalizam o que já está estabelecido, seguindo o curso do rio da acomodação das heranças trazidas no bojo da cultura, da tradição e da história.
É preciso despertar no espírito juvenil, uma verdadeira responsabilidade, onde ele - o jovem - finalmente possa conhecer (a ele próprio, seu semelhante e o mundo), para melhor perceber e assumir suas habilidades em responder a seus desafios, que são, por sua vez, infinitamente, maiores do que os das gerações passadas.
Estamos convencidos, também, ao longo de nossa experiência, de mais de trinta anos em comunicação e responsabilidade social, da importância da Arte como ferramenta principal deste processo. A Arte, por admitir e essencializar o convívio de tradição e ruptura, é a ferramenta fundamental desta mudança que estamos propondo, permitindo o acesso ao conhecimento necessário para que essa transformação seja alcançada de maneira agradável, lúdica: leve, veloz, exata, múltipla e conectada diretamente na fonte, fonte esta, da qual emana a verdadeira força transformadora: a busca de um mundo onde a PAZ é o caminho do entendimento, do crescimento e do desenvolvimento pessoal, sócial e universal.
Estamos convencido, ainda, de que as condições para que os jovens assumam esse papel incluem não só a conscientização de este é o papel deles como, também, a de que são capazes de exercê-lo em sua plenitude.
A contribuição inestimável de grandes educadores como Paulo Freire, com a criatividade e profundidade de seus métodos e sua pedagogia da autonomia, Jaques Delors com o alinhamento às grandes diretrizes internacionais que o relatório que leva seu nome indica e o foco em protagonismo que o Prof. Antônio Carlos Gomes da Costa trouxe à inúmeras organizações que trabalham com os jovens, tem de ser canalizada imediatamente para uma práxis onde processo e resultado finalmente se encontrem.
Onde o fruto do crescimento pessoal seja o crescimento social.
Onde a sustentabilidade de cada um seja o progresso de todos.
Onde a criação de cada um seja o prazer de todos.
Onde a invenção de futuro de PAZ seja o nosso dia-a-dia.
Pensando nisso, o Projeto Oficinas Cerâmicas Terra da Paz se propõe a ser um espaço na escola, além da escola.
Um tempo na escola, além do tempo da escola.
Um espaço e um tempo de confluência da vida e das estruturas de apoio à vida, ponto de encontro das forças vivas da sociedade que se quer sempre melhor.
Onde o conhecimento está livre e aberto às demandas e solicitações de cada um, livres de grades curriculares, de obrigações, provas, etc. É, sim, um espaço e um tempo abertos à manifestação do novo: de novas idéias, novos pensamentos, novas maneiras de fazer e viver em sociedade, um espaço/tempo onde os mundos dos adultos e dos jovens podem finalmente se encontrar para desenhar um destino diferente do que herdamos.
Um espaçotempo onde as diferenças se confrontam não mais para se anular e se combater reciprocamente, mas sim para se complementarem mutuamente, onde gênero, raça, padrões sociais, étnicos, culturais e econômicos podem ser vistos, entendidos, analisados e vivenciados de maneira a permitir que novas estruturas possam ser sintetizadas através dessas mesmas diferenças.
PAZ SUSTENTÁVEL.
Acreditamos que cada Oficina do Projeto deva produzir e viver de sua produção.
Em um primeiro momento, produzir Painéis Cerâmicos, através do aproveitamento de material industrial rejeitado pelo controle de qualidade de empresas produtoras de pedras e pisos cerâmicos. Estes materiais , que receberão, planejamento e intervenção artística dos participantes das Oficinas, serão requeimados e disponibilizados ao seu espaço de destino.
Estes Painéis cerâmicos são, há um tempo, sustento e divulgação do conceito de Paz.
Cada um deles é um produto cultural da ideologia pela PAZ, projetado no mundo real: comunicando e manifestando a arte dos jovens e de todos os envolvidos na facilitação do acesso dessa idéia, num processo onde as decisões, fazeres e saberes se articulam com objetivos específicos, estabelecendo-se entre as partes um conjunto de valores e princípios que viabilizem o cooperativismo e a solidariedade.
São estes valores e princípios que irão nortear a articulação de cada etapa do Projeto.
A iniciativa inicial principal é a de criar a harmonia de princípios que irão fundar os valores.
E o fundamental destes princípios do nosso Projeto, é, obviamente, a PAZ .
Temos que lembrar, sempre, que o “P” de PAZ só tem sentido se vivido de “A à Z”. Isto é: do indivíduo ao coletivo, do um ao múltiplo, de dentro pra fora.
Além de todo o valor imaterial que possa ser agregado, os Painéis Cerâmico do Terra da Paz agregarão, também, valor econômico à produção, valor este assentado na visibilidade a que se destinar: muros, empenas cegas e, também, valor artístico e cultural, na medida de qualidade desta visualização.
Isso possibilita uma multiplicação de recursos que serão canalizados para a sustentabilidade, não só do Projeto, como de todos os que dele participam, redistribuindo renda, unindo famílias, criando oportunidades e agregando trabalho solidário em torno de objetivos comuns, aproveitando interesses sociais dos recursos empresariais, de governos, ongs, etc.
Além de Painéis Cerâmicos, outros suportes cerâmicos como louças e porcelanas, podem e devem ser utilizados, no Terra da Paz, num segundo momento, com objetivos igualmente de gerar valor agregado e difundir marca e conceito. Uma infinidade de produtos com suportes cerâmicos cedidos por empresas parceiras do ramo podem e devem ser produzidos e comercializados, sob catálogo ou sob encomenda, de várias formas, à vários títulos, para as Instituições, empresas, etc, tais como:
Brindes
Numerações de residências
Nomes de Rua
Conjuntos de louça
Vasos
Serviços de jantar e café
Etc
Projetos especiais podem ser acrescidos a estes dois momentos já mencionados, abrindo novos caminhos para drenar a vontade da PAZ que estará sendo gerada no âmbito do Projeto.
SISTEMATIZANDO A PAZ.
Além de construir os alicerces das Oficinas, este primeiro Laboratório tem a função de estabelecer a sistematização de implantação das Oficinas para futuras replicações.
Assim, desde o estabelecimento dos paradígmas estratégicos à elaboração de modelos de planejamento de implantação e manutenção das oficinas, logísticas operacionais e eventuais desdobramentos de impacto na mídia, na geração de novas oportunidades e processos têm que ser previstos e os seus canais de manifestação devidamente abertos e delimitados, de maneira a os manter contidos no foco estabelecido, sem contudo, engessar os modelos em propostos, evitando assim, o preconcebido e a artificialidade dos discursos vazios de ação efetiva.
Lembramos que a sistematização proposta deva ser mapa e não território da PAZ.
A ação da PAZ se dará em outro território ou não se dará.
Mapas, tabelas, planos, planejamentos, metas, objetivos, missões, conquistas, equívocos, correções de rotas e o alcance da visualização de novos horizontes têm que caber nesta sistematização que como queria Mestre Eckart, permitir o vir-à-ser, permitir o que virá de surpreendente e inovador no processo construtivo da vontade coletiva.
Essa é a essencialidade do desafio da Sistematização proposta pelo grupo empreendedor do Projeto. Essa é a essência do protagonismo: incorporar o papel principal, criar o personagem, desenhar o seu próprio futuro (desígno).
Porque não há desígno sem que nos permitamos ousar, sem que deixemos correr o risco.
A METODOLOGIA DA PAZ.
O exercício de uma educação para a PAZ, só poderá ser construído por processos de escuta das pessoas envolvidas no seu fazer: jovens protagonistas, facilitadores, educadores, voluntários, familiares dos jovens, agentes ideológicos de apoio, empresas, instituições culturais, Ongs, Governos, todos os segmentos da sociedade estabelecidos em rede, devem se posicionar e manifestar sua concepção, seus conceitos de PAZ, suas propostas para as transformações necessárias da sociedade.
O grande diferencial criativo do Terra da Paz é entender a força ideológica universal de uma bandeira transformadora comum à toda a humanidade e trazê-lo para a realidade da matéria, através do “nome da sua carne”: a terra.
A outra ponta deste diferencial criativo é a ferramenta escolhida para este aprendizado.
No Terra da Paz, a cerâmica, a arte do oleiro, um dos fundamentos civilizatórios, segundo Micea Elíade, é invocado na sua essência transformadora, como metodologia do Projeto, re-fundando, re-estruturando e re-ligando os homens entre si e em torno da mais nobre ideologia, a PAZ, ela própria capaz, por si só, de ultrapassar todas as diferenças étnicas, políticas, sociais, econômicas, culturais, religiosas e de gênero ao convocá-los para re-inventar através da arte sobre a terra, o processo de manifestação dos melhores desejos humanos e nossas melhores esperanças de PAZ.
Estamos certos de que a delicadeza necessária com o trato e o exercício criativo com a terra cerâmica e os seus desdobramentos técnicos e artísticos permitem que o exercício da PAZ possa perpassar todos os momentos de seu desenrolar no tempo e no espaço.
Esta metodologia se dará num processo cujo rítmo acontece em seis tempos:
a)escuta e percepção
b)proposta e aprovação
c)execução e logística
d)distribuição e aplicação
e)avaliação e integralização
f) planejamento e idealização
Todos os seis tempos deste ritmo deverão ser orquestrados pelos próprios jovens com auxílio de facilitadores, coordenadores, professores, voluntário, através de um processo de incentivo e cultura de emersão de lideranças juvenis.
Acreditamos que, cada um destes momentos deva estar conectado a vivências que privilegiem um sentido perceptivo, uma qualidade a ser desenvolvida, um comportamento a ser conquistado, uma ação (verbo) síntese.
TEMPO
SENTIDO
QUALIDADE
COMPORTAMENTO
AÇÂO
a)escuta
Audição
disponibilidade
solidariedade
Eu escuto
b)proposta e aprovação
Visão
decisão
articulação
Eu crio
c)execução e logística
Tato
produtividade
cooperação e trabalho
em equipe
Eu faço
d)distribuição e aplicação
Olfato
sensibilidade
compreensão das
questões sociais
Eu inspiro
e)avaliação e integralização
Gustação
sabedoria
empreendedorismo
Eu sei
f) planejamento e idealização
Intuição
consciência
protagonismo
Eu sou
Esta grade deve estar plasmada como um fractal no processo educativo das oficinas e nas oportunidades educativas de formação continuada para a equipe de administradores, educadores e voluntários que desenvolverão o Projeto.
Assim, o processo de sustentabilidade se auto-construirá no caminho da busca do desenvolvimento humano através da Educação para a PAZ por uma metodologia que, sem engessar suas possibilidades de desdobramento, mantém, ao se propor espelho deste desenvolvimento através da semelhança da manifestação do humano em cada um de seus participantes.