Sobre a esperança
Atual presidente da Tchecoslováquia
Tradução: Karin Glass
Antes de mais nada, capto a esperança, sobre a qual penso com bastante freqüência, básica e principalmente, como um estado de espírito, não como um estado de mundo. Ou temos esperança dentro de nós ou não a temos; ela é uma dimensão de nossa alma e, em sua essência não depende nem de observarmos o mundo, nem de avaliarmos situações. A esperança não é um prognóstico, é uma orientação do espírito, orientação do coração que transcende o mundo vivido diretamente e está ancorada em algum lugar longínquo, além dos seus limites. Ela não parece ser explicável simplesmente como um mero derivativo de algo daqui, de quaisquer movimentos do mundo ou seus sinais vantajosos.
Portanto, sinto suas profundas raízes em algum lugar transcendental. A medida da esperança neste sentido forte e profundo, não é a medida da nossa alegria quanto ao bom andamento das coisas e da nossa vontade de investir em empreendimentos que visivelmente levem a um sucesso próximo; é antes, a medida da nossa capacidade de nos empenhar em algo por ser bom e não só por ter um sucesso garantido. Quanto mais desvantajosa for a situação na qual perseveramos com nossa esperança, tanto mais profunda ela será.
Esperança não é otimismo, não é a convicção de que algo terá um final feliz, mas a certeza de que algo tem sentido, sem considerarmos como terminará.
Penso, portanto, que é de “outro lugar” que captamos a mais profunda e importante esperança, a única que – apesar de tudo – é capaz de nos manter na superfície, de nos instar a boas ações e que é a única fonte de grandeza do espírito humano de seus esforços.
E também é, sobretudo, essa esperança que nos dá força de viver e experimentá-la sempre de novo, mesmo que as circunstâncias exteriores sejam tão desesperançosas como, por exemplo, as nossas
0 Comments:
Post a Comment
<< Home